MÉMO SOBRE O YERBA MATÉ
✓ O yerba maté não é um chá mas um arbusto sul-americano da família do azevinho
✓ É principalmente cultivado na Argentina, no Brasil e no Paraguai
✓ Os habitantes locais consomem as folhas secas em infusão numa cabaça com uma palhinha perfurada
✓ Ajuda a melhorar a vigilância, manter o foco e combater a fadiga
✓ É uma fonte de antioxidantes e também poderá ter um efeito queima-gorduras
A primeira Bombilla
Atualmente confinados em Barcelona, aproveitamos para continuar os nossos encontros com pequenos produtores e produtoras e com marcas que nos inspiram, desta vez online.
Após uma troca de emails sobre o problema das monoculturas de yerba maté no Brasil, a importância de o produzir em agricultura biológica e respeitando a floresta, o encontro foi rapidamente marcado com Jérémie, cofundador da La Bombilla, a jovem marca francesa de referência para o maté. Ele nos “recebe” via Skype no seu jardim do Val-de-Marne, rodeado de árvores, de pássaros e com o seu termo de maté sempre à disposição.
Jérémie é engenheiro. Em 2017, aproveitando um posto que lhe permite trabalhar online e à distância, viajou mais de um ano entre o México e a Argentina. Foi lá que descobriu o famoso maté (ou Yerba maté) e o seu poder energizante.
“Maintenant j’en bois presque tous les jours. C’est très énergisant, ça permet de rester concentré, et t’as pas le coup de barre que tu peux avoir avec le café”
Quem já viajou por lá sabe: os argentinos, os uruguaios e os brasileiros do Sul são viciados nesta planta. Bebem-na ao longo do dia num termo ou, mais tradicionalmente, numa cabaça com uma palhinha perfurada, a “bombilla”.
É verdade que o maté possui um efeito euforizante graças à cafeína que contém – cerca de 1% : menos do que o café, mas mais do que o chá verde. Apresenta também teobromina, uma substância que se encontra igualmente no cacau e que proporciona uma sensação de bem-estar.
Quando o Jérémie regressa a França, fala com o seu amigo Antoine sobre a vontade de dar a conhecer esta bebida, energizante e benéfica. Seleccionam um fornecedor, tratam da embalagem, propõem um kit de descoberta do maté com uma saqueta, uma cuia e uma bombilla para a saborear, e falam dela com as pessoas à sua volta. La Bombilla nasceu e encontra o seu público: mais de 1500 saquetas são vendidas.
Perante o sucesso desta primeira “onda” de yerba maté, os dois amigos procuram aperfeiçoar o projecto. Se os inúmeros comentários que receberam são positivos, outros são mais nuançados: o maté é demasiado amargo. Como fazer para satisfazer o paladar francês, habituado a bebidas mais suaves, e “converter” mais gente? O melhor é mesmo ir à fonte!
Uma viagem de 5000 km à procura do melhor yerba mate
Começa então uma road-trip de 5000 km no norte da Argentina e no sul do Brasil, à procura do melhor yerba maté. Jérémie e Antoine encontram inúmeros produtores, provam incalculáveis amostras de matés — imagina-se que não deviam estar muitas vezes cansados — e aprendem no terreno todas as subtilidades desta bebida tradicional sempre aclamada.
As folhas de yerba maté são colhidas num arbusto da família do azevinho. Este cresce em estado selvagem na floresta. Originalmente, as suas folhas eram mastigadas e faziam parte dos ingredientes rituais de alguns indígenas, nomeadamente os índios guaranis.
Hoje, o cultivo intensivo do yerba maté é uma causa de desflorestação: o maté convencional (não biológico) é, de facto, cultivado em monocultura, com grande recurso a pesticidas. Este tipo de cultivo mata as florestas e a fauna local, empobrece os solos… Por isso, os nossos dois amigos procuraram identificar explorações em agrofloresta, onde este cultivo é mais respeitador do ambiente.
Após meses de pesquisas, e depois da descoberta de dezenas de plantações, eles encontram O produtor, no estado do Paraná, no sul do Brasil. É uma zona onde o cultivo do maté é histórico.
As plantas crescem em pequenos viveiros, depois são plantadas na floresta e desenvolvem-se no seio de um rico ecossistema. A colheita ocorre de dois em dois anos; depois as folhas secam naturalmente, sem fumo. Este maté é certificado como comércio justo e biológico.
A desastrosa política ambiental do Brasil não consegue, por enquanto, acabar com este local privilegiado: como estes arbustos de maté crescem em plena floresta, esta é considerada uma cultura e corre menos risco de ser arrasada.
E a amargura nisso tudo ?
“Os sul-americanos bebem um mate cujas folhas são afinadas, envelhecidas e por isso mais amargas. Encontrámos um mate verde, “jovem”, que, por isso, é mais suave e mais conforme ao gosto francês e europeu”
Outra particularidade da La Bombilla: os fundadores escolheram eles próprios o seu maté, o seu produtor, o que é raro no setor. A maioria das marcas europeias de maté abastece-se junto de um grossista na Alemanha que produz marcas brancas.
Novas misturas e colaborações
Hoje, Jérémie e Antoine propõem três matés diferentes: um maté clássico, um maté de menta e um maté floral. Estas misturas são concebidas no Brasil. Daqui a algum tempo, a gama vai alargar-se ainda mais, com um maté afinado (aquele para quem gosta de amargor) e um maté torrado com sabor caramelizado, que parece divinamente bom.
O outro eixo da La Bombilla é desenvolver acessórios de qualidade que acompanham a degustação do mate. Um termo para mate com bico vertedor, bombillas planas, cuias em pele…
E colaborar com referências do universo do mate. Como a Mateador, que fabrica cuias artesanais, e fornece jogadores de futebol (e não dos menores) : Lionel Messi, Antoine Griezmann, Angel Di maria, Sergio Agüero…
Para saber mais sobre a erva-mate e todos os seus benefícios, descobre o nosso grande dossiê aqui!
Gostaríamos muito de conhecer o Jérémie e o Antoine pessoalmente, e ainda melhor à volta de um bom mate no fundo do Paraná, mas o vírus decidiu o contrário. Uma coisa é certa, vamos seguir a La Bombilla de perto e começar já a beber litros de mate 🙂
