Guaraná: benefícios, posologia, contra-indicações

Neurológico

Embora os efeitos do guaraná no sistema nervoso central (SNC) não tenham sido objeto de estudos clínicos, numerosas evidências indicam que a cafeína, principal constituinte do guaraná, estimula o SNC. Os mecanismos possíveis incluem o bloqueio dos recetores de adenosina e a inibição da fosfodiesterase. Ao bloquear os recetores de adenosina, a cafeína aumentaria a libertação de neurotransmissores como a dopamina. Tal poderá resultar numa redução da expressão clínica da doença de Parkinson. rnrnTambém foi proposto que a cafeína possa diminuir a sinalização do GABA e da serotonina. Os efeitos estimulantes da cafeína no SNC presumem-se melhorar a vigilância e o desempenho psicomotor. A cafeína aumenta os níveis plasmáticos de catecolaminas, provavelmente através de um antagonismo dos recetores de adenosina e de uma redução da captação extraneuronal de catecolaminas.rnrnNum pequeno estudo clínico randomizado, em simples-cego, controlado por placebo, 15 sujeitos (dormidores normais) receberam 250 ml de uma bebida de sementes de guaraná (500 mg de pó de sementes de guaraná em 100 ml) ou um placebo. Após uma noite de sono limitada a 4 horas, a semente de guaraná melhorou o desempenho psicomotor e apresentou tendências positivas no humor.rnrn

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Bioenergizante

A cafeína, principal constituinte do guaraná, seria responsável pelo aumento de energia. No entanto, alguns investigadores acreditam que outros compostos presentes no guaraná também podem desempenhar um papel no efeito "impulsionador" da energia, o que pode conduzir a efeitos estimulantes mais intensos em comparação com a cafeína isolada. O extrato de guaraná é capaz de induzir um efeito estimulante num modelo laboratorial específico que utiliza um organismo insensível à cafeína. Esses resultados foram observados em humanos.

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Metabólico

A cafeína, principal constituinte do guaraná, aumenta o gasto energético em repouso e a termogénese celular. Também provoca um aumento da renovação não oxidativa dos ácidos gordos e da oxidação dos lípidos; contudo, o efeito líquido na oxidação dos lípidos é fraco. Os efeitos da cafeína sobre o gasto energético e o metabolismo lipídico parecem ser mediados por mecanismos simpáticos e não simpáticos. A cafeína é frequentemente utilizada em associação com a efedra para a perda de peso e parece ter efeitos farmacodinâmicos aditivos. Uma dose única de efedra em combinação com cafeína pode aumentar a frequência cardíaca de 67 batimentos por minuto para 82 batimentos por minuto em indivíduos jovens e saudáveis. Esta associação aumenta também a pressão arterial sistólica e, em menor grau, a pressão diastólica. A cafeína associada à efedra aumenta também o consumo de oxigénio. Um estudo clínico em sujeitos saudáveis mostrou que a ingestão de uma dose única de 2,72 g de guaraná aumenta significativamente o quociente respiratório (reflexo da oxidação dos lípidos) e a pressão arterial sistólica.

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Função cognitiva

Estudos em animais mostraram que a administração de guaraná melhorava o desempenho cognitivo e físico. De facto, foi observada uma acção positiva do guaraná nas capacidades físicas, nomeadamente em períodos de stress, e uma melhoria das capacidades mnésticas (memória).rnrnNoutro ensaio de fase II, os efeitos de diferentes doses de guaraná nas capacidades cognitivas em seres humanos foram avaliados. A análise foi conduzida em duplo-cego, controlada por placebo, em 26 pacientes durante 6 dias. Foram estudadas diferentes doses de um extracto padronizado de guaraná. O impacto deste tratamento na cognição e no humor foi medido através de duas escalas: as avaliações automatizadas do CDR (Cognitive Drug Research) e as escalas de humor de Bond e Lader. rnrnO guaraná induziu assim uma melhoria da memória, vivacidade de espírito e da satisfação. Os autores sugerem que a cafeína não é o único princípio activo na origem dos efeitos descritos. Outros componentes desta planta poderão também intervir.rnrn

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Hipoglicemiante

Pesquisas in vitro sugerem que os polifenóis isolados do pó de guaraná inibem as enzimas alfa-glucosidase e alfa-amilase, o que poderá contribuir para os efeitos hipoglicemiantes.rnrnIn vivo, foi demonstrado que um extrato aquoso de guaraná modifica a resposta glicémica após um esforço. Assim, 60 min após um exercício, os ratos pré-tratados com o extrato mantinham a sua glicémia enquanto esta caía no grupo controlo. Após 2h, a queda de glicemia foi menor nos ratos pré-tratados com o extrato de guaraná. rnrnO mecanismo na origem desta ação deve-se a um aumento da degradação do glicogénio, que permitiria ao organismo dispor de uma fonte de energia mais importante.rnrn

Gastroprotetor

Um estudo, em ratos pré-tratados com um extrato de guaraná, mostrou que o guaraná provocou uma redução significativa das lesões gástricas induzidas por etanol ou indometacina. A cafeína não seria o único constituinte na origem desta ação protetora.nnO guaraná poderia também aumentar a secreção de ácido gástrico e atrasar o esvaziamento gástrico. Isso foi demonstrado num estudo clínico que utilizou uma combinação de plantas conhecida pelo nome YGD, que contém erva-mate (folhas de Ilex paraguayensis), guaraná (sementes de Paullinia cupana) e damiana (folhas de Turnera diffusa var. aphrodisiaca).nn

Saciante

Um estudo clínico duplo-cego, controlado por placebo, demonstrou a influência de um tratamento à base de guaraná no trânsito intestinal de 13 indivíduos saudáveis. Os investigadores verificaram que a preparação à base de guaraná retardou em 53% a progressão dos alimentos no estômago em comparação com o placebo, aumentando assim a duração do período de saciedade.nn

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Antibacteriano

Dados in vitro demonstraram os efeitos antibacterianos e antioxidantes do extrato etanólico de guaraná, que se pensa dever aos compostos fenólicos. O guaraná revelou-se eficaz contra muitos agentes patogénicos do trato digestivo, nomeadamente Escherichia coli, Salmonella typhimurium e Staphylococcus aureus. rnrnIsto fornece uma base teórica para a utilização tradicional do guaraná contra a diarreia. rnrnMais recentemente, investigações in vitro demonstraram uma atividade antibacteriana contra Streptococcus mutans, o que poderia ter aplicações na prevenção da placa dentária. A atividade antimicrobiana foi confirmada in vitro ao testar extratos de sementes de guaraná contra fungos e bactérias de origem alimentar. rnrn

Antioxidante

In vitro, foi demonstrado que o pó de guaraná reduz a peroxidação lipídica espontânea.rnrnEm outro modelo, um extrato hidroalcoólico de guaraná limitou a mortalidade dos fibroblastos e os efeitos pró-oxidantes (peroxidação lipídica, danos ao ADN, stress oxidativo) induzidos por um agente químico.rnrnFinalmente, um estudo em sujeitos idosos saudáveis mostrou que os indivíduos que consumiam guaraná regularmente (pelo menos 5 vezes/semana), comparativamente com os indivíduos que não o consumiam, tinham uma melhor proteção das suas LDL face a um agente oxidante (redução estatisticamente significativa de 27% da oxidação das suas LDL).rnrn

Metabolismo hormonal

Em estudos em humanos, a ingestão aguda de cafeína provoca um aumento dos níveis de epinefrina e norepinefrina, o que resulta no aumento da frequência cardíaca e em fornecer mais energia ao corpo.rnrnHá também evidências de que a cafeína poderá estar associada a uma diminuição dos níveis de testosterona e a um aumento dos níveis de estrona e da globulina ligadora das hormonas sexuais.rnrnEstes resultados poderão explicar por que alguns estudos relataram associações entre a cafeína e afecções dependentes de hormonas, como a doença fibrocística, a osteoporose, o cancro da mama e a endometriose.rnrn